O Respeito pode ser a porta para a liberdade (Teoria bastante utópica)

Esse post é completamente diferente do que eu costumo postar aqui, mas é que eu fiquei encucado com as teorias de Foucault e resolvi escrever um pouco para organizar as ideias, Aí vai:

     Foucault diz que é praticamente impossível ser livre na sociedade em que vivemos, pois somos formados dóceis e domados imperceptivelmente por uma força invisível. Sua constante preocupação é que não consigamos escapar da (cada vez mais frequente) normalização e padronização. O controle é muito mais subjetivo e imediato do que supomos. Mas o que é essa normalização? O que é “ser normal”? Um ser normal é um ser individual. Normalidade nada mais é do que a pessoa ser ela mesma, o que já escapa da padronização, independentemente do que os outros irão pensar. Aí vem “Ah, mas e se a pessoa for um psicopata, ela poderá livremente matar alguém e alegar que está sendo normal?” partindo do ponto de que ela não está dentro da “padronização”, acredita-se que ela não é normal, mas por outro lado, justamente por ela estar fora dessa padronização, ela é normal (ela está vivendo o seu individual), porém, discordando de Foucault que diz que o amor foi imposto por alguém que disse que “se deve amar”, não sendo o amor autêntico do ser humano (E aí entra o tio Aristóteles, que acredita que o ser humano atinge a plenitude de suas virtudes vivendo em sociedade, o que de certo modo, é corretíssimo, e o amor e a compaixão fazem parte dessas virtudes); o amor materno/fraterno e a compaixão é algo que nasceu dentro do ser humano, e a pessoa que age de forma contraria a isso, ferindo a integridade física de outrem, estará agindo contra as leis naturais do próprio ser humano, que atinge suas virtudes em convívio com o próximo, sendo então o psicopata, um desvirtuado. Mas ainda assim normal. Então o normal dele é errado? R: Não. Mas suas atitudes sim, e aí entra o quesito respeito, que falo bem aqui:
     Acredita-se que é impossível viver em um mundo onde não há regras, mas as regras não precisam ser, necessariamente, manipuladoras e “domadoras”, e nem com o escopo de nos tornar mais dóceis. Se a única regra imposta e aprendida desde cedo nas instituições chamadas de “sequestro mental” fosse o respeito, muitas regras de convívio social e sanções não teriam necessidade de estarem positivadas em forma de lei.      O respeito poderia a fonte de todas as leis de convívio social, e talvez a unica. O ser humano tendo em mente que deve respeitar o outro, acima de tudo (e isso não quer dizer que um se torna submisso ao outro, pois o respeito é reciproco...) a sociedade viveria em “paz”, de maneira livre, pois a liberdade do pensamento seria possível. O ser humano então, sendo livre de pensamento e vivendo dentro de sua individualidade, não sendo padronizado, poderia então entrar em guerra e em conflito com outro? Seguindo a teoria de Hobbes, onde concordo e discordo, que diz que o ser humano em sua forma natural é competitivo e egoísta, haveria guerra sim, porém o respeito seria capaz de amenizar essa competitividade, tendo em vista que o ser humano competitivo e egoísta não feriria seu semelhante por causa da lei: respeito.
Haveria então uma padronização nova das pessoas “Hobbianas”? R: Não. A pessoa pode muito bem ser egoísta e competitiva, tentando sempre passar por cima das outras de maneira que só ela se de bem, mas qual seria a dimensão dessa competitividade e egoísmo tendo em vista o respeito? Ela não está deixando de ser quem é e entrando em um padrão, está apenas amenizando suas vontades (o que não a torna prisioneira da sociedade) de forma que o respeito está acima de tudo. O respeito seria capaz de torna-la até uma pessoa mais honesta.
     Diz o filósofo José Ternes sobre Foucault “Ele é um filósofo duríssimo contra essa tendência lamentável da sociedade moderna de submeter todos a uma igualdade técnica.”, Foucault então defendia que as pessoas deviam ser elas mesmas, mas aí eu pergunto ao senhor, elas mesmas dentro de quê? A anarquia começaria... Ou não:
As pessoas tendo consciência de que viver em sociedade com regras é algo bom, a partir do momento que não se deixa alienar pelas imposições invisíveis da mesma, ou a manipulação da mídia e tendo como regra principal o RESPEITO, aprendendo (e não sendo domado para se tornar dócil) que ele é fundamental, a sociedade poderia se tornar um pouco mais livre no quesito “pensar e agir”. Uma pessoa que deixa de fazer o que é imposto pela sociedade, como por exemplo, andar com uma roupa de marca para ser “bem visto” pelos outros, e sendo facilmente aceita em qualquer lugar apenas pelo seu modo se vestir... Se ele andasse com roupas que o fizesse sentir BEM consigo mesmo, ele estaria se desprendendo de uma imposição social. Ele continuaria mal visto vestindo uma roupa que não seja de marca, ou mesmo vestindo algo que para os outros, não combina, pois a maioria das pessoas ainda estão pensando pela cabeça da Sociedade.  A pessoa pensando com a própria cabeça, entendendo que o respeito ao próximo é a maior virtude do homem e a regra principal de um bom convívio na sociedade, ela estaria sendo livre. Ou talvez, muito mais livre dos que os que pensam com a cabeça da Sociedade. Ou talvez, plantando uma semente que um dia seja liberdade, e ele deixe de viver essa “imitação de liberdade”.  Aí vem “mas como ele arranjaria um emprego estando mal vestido?” R: Se o dono da empresa não fosse alienado de si mesmo, e pensasse com sua própria cabeça, vivendo seu individual, tendo em vista o respeito e valorizasse o “ser” e não o “ter e o aparentar”, ele seria aceito pela sua capacidade, e suas roupas não teriam importância.


É aí que eu te digo: A liberdade (ou a mera imitação da mesma) consiste em viver sendo você mesmo, sem se importar com as aparências ou com o quê as outras pessoas irão dizer, pois “ser normal” não existe de fato, sendo que todos são seres individuais. A Normalidade é individual e subjetiva de cada um. Diz Ternes mais uma vez: “Foucault insiste na necessidade de um espaço de pensamento livre”. Foucault valoriza o pensamento individual, e cada um pensando de uma maneira não significa anarquia. O Estado não estaria impondo regras para nos tornar dóceis, pois não precisaríamos ser dóceis, sendo que seriamos seres respeitosos. 

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