pateticamente encenando o choro
e agora, em julho, casacos pesados e bebidas quentes são consolos para mãos frias — como as minhas. já o coração? sempre quente, em chamas, pateticamente em chamas.
deixar a casa torna-se melancólico, são tantos semblantes cinzas — como o meu. já o pensamento? sempre colorido, com o seu sorriso, pateticamente dolorido.
abrir a janela do carro, sentir o corte do frio, pele vermelha, olhos aguados — são os meus. já o devaneio? finjo estar chorando, derramando lágrimas, vivendo um filme nublado. pateticamente encenando o choro que nunca veio.
o primeiro gole do café é sempre o meu favorito, nada se iguala, a não ser de novo no outro dia. pateticamente, eu, que anseio pelo café e acordo cedo.
vejo o sol raiar e por um segundo esqueço de existir. o café me traz de volta, sempre — é minha forma de sentir.
pateticamente.

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