Bubble
Talvez eu sinta, sim, crer nessa idéia faz de minha
pobre e perdida insignificância ao mundo que não sou tão insignificante assim.
Até mesmo um pó tem seu papel, eu também tenho que ter. Papel foi o que gastei
tentando extrair algo das entranhas da inspiração. O típico me aconteceu,
amassei milhares de folhas, joguei num canto e cruzei os braços, é inútil lutar
contra isso. Imagino-me como uma bolha, que dentro dela estão sensações e
sentimentos maravilhosos, mas invisíveis aos olhos do mundo, invisíveis até aos
meus próprios. Maldita camada, essa, que tranca a essência do meu ser dentro de
si. Eu me tranco dentro de mim. Camada talvez fraca, de repente tão forte. É
uma luta inútil, sim. Quando sopro para quebrá-la, ela me engana e voa para
longe, dança, ameaça partir-se em milhares de eus, mas só brinca, nada sério. Escapou-se dela uma finíssima
gotícula, ela sim chegou até mim, a chamo de sensação. Às vezes tão temporária que mal posso desfrutar. Uma nova
bolha pequena entra em cena, insignificante, frágil, e se junta com a usual
formando uma bolha grande e multicolorida, o que é que estou sentindo aí
dentro? Por que não me deixa experimentar um pouco de mim? Dê-me sua trégua,
pequena bolha, deixe-me usufruir-me de ti, de mim, de nós. Brinque comigo, não
se mostre egoísta! Não tanto quanto eu! Não se mostre. Mostre-se a mim, apenas.
Tens medo de si mesmo? Eu tenho medo de ti, de mim, de nós. Medo. Por que não o
prendeu junto com as deliciosas sensações? Angustia. Preocupação.
Arrependimento. Essa turma toda dança em mim, por que não as prendeu? Por que
as deixou solta ao meu baile? Baile comigo. Junte-se a mim, forma-me uma bolha
única. Venha até mim, estoura-me, estoura-se, misture-se, misture-me. Nós somos
um só, tu és o que sou, sou o que tu és, dê-me uma trégua. Sopro novamente,
você finge vir, finjo acreditar. Você voa longe, longe você está
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