Um sorriso não tão sorridente

  A rua é um lugar triste. Sentei numa calçada esses dias e, entediado como sempre, parei para observar os rostos que se passavam rapidamente por mim. Tanta gente diferente, mas todas com a mesma semelhança: rostos tristes e cansados. Me perguntei se um dia, quando eu estiver crescido e maduro, sairei de casa tão carrancudo quanto eles. Não me quero assim. Tentei absorver pelo menos um sorriso das milhares de faces que vi, mas não vi nenhum. Me senti mais solitário do que nunca naquele dia, como se ninguém fosse sorrir de novo no mundo, como se sorrir fosse algo anormal, como se fossem julgar você por ser sorridente. A tristeza tomou conta da cidade, a melancolia estava psicografada nos olhos de choro das faces que vi. Não quero isso para mim. Sinto minhas saudades, mas sempre que posso sorrio, mesmo que queira amarrar a cara para sempre naquele momento. Não gosto do meu sorriso, mas gosto de ser solidário. Talvez, alguém como eu, saia na rua à procura de felicidade nos outros, para se sentir confortável, e se depender de mim darei a eles meu sorriso, para que possam sorrir junto comigo.