Vazio cheio
De alguma maneira eu percebi que, o conceito que sempre tive de mim, não era exatamente verdadeiro. Costumava dizer que era vazio de sentimentos noventa por cento do tempo, mas hoje, depois de uma talvez crise precoce - ou não - de amadurecimento, vi que na realidade eu era apenas monótono. Não conhecia os sentimentos à flor da pele que durava o dia todo, todos os dias. Sentir tudo isso de repente é desconfortável, não sei o que fazer com isso, mas é reconfortante saber que não sou um poço cheio de vazio, que me sufocava com absolutamente nada e que, antigamente, significava tudo. Hoje, o meu tudo significa tudo, mas não é nada. São apenas sentimentos alvoroçados pela novidade de existir. Ou de sair de onde sempre existiu. É de se esperar essa crise de ansiedade notória que apareceu sem ser convidada, e que deixa minhas mãos suadas, minhas unhas desgrenhadas, minhas cutículas mordidas e meu peito acelerado. Tanta coisa ao mesmo tempo!
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