Conflito de Eus

O desespero nem era tão grande assim, mas a ideia de me desesperar criou uma prisão em mim. Fico refém dos poderes da minha própria ilusão, e desisto de brigar, sou boa gente. Eu me desafogo das mágoas, mas suas correntes estão presas nos meus tornozelos, de forma elegante. Dão as mãos a ilusão e o desespero e me olham através da janela, será que vai cair? Elas dizem.
Eu caio, às vezes levanto, às vezes descanso no chão gelado, que não é tão ruim assim. Me conheço bem, sei dos meus gostos, mas não me sei, pois eu nunca me disse a mim antes. Isso me cria um conflito de eus.
Nos conflitos dou um nó no peito, e a apresento ao bolo na garganta. Juntas o banquete de porquês se tornam inquestionáveis. Porém questionáveis aos céus, onde se encontra as respostas? Não me escondo, eu só não me acho.

No conflito de eus, deus ou zeus, seus ou céus, nada importa, o chão gelado é onde eu quero ficar pelos próximos 5 minutos. A vida não me chamou ainda e isso me assusta, até quando ela vai bancar a babá? Me permito olhar pela janela da realidade e me sinto corajoso, mas o fôlego ainda me falta.
Uma bela borboleta azul morta, onde transeuntes quase a pisam, suas asas balançam conforme os pés passam e quase a tocam. Eu a olho e me sinto triste. A ida é tão comum, tão normal, então por que me sinto mal? Meu conflito não merece atenção nem aplauso, mas meus holofotes discordam.
Mas vou deixá-los ir, e que fiquem numa calçada rachada onde os pés os pisam. Onde os pés os amassem até que só sobre o verdadeiro eu de mim. Quem sabe eu não sou a borboleta azul, só não voei?

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