Existe
Sempre achei que nós pertencessemos a tempos e lugares diferentes, mas nossas ruínas são vizinhas. Numa madrugada qualquer, ouvi uma melodia ecoando no fim do corredor e encontrei seu sorriso. Seus dentes são bonitos, mas me rasgam as lembranças. Respirei tão fundo que cheguei ao limite, se me afogar em mim, esperarei pela sua mão. Mas sua mão está longe de mim. Está mais longe que o seu sorriso e a melodia no fim do corredor. Você é um corredor sem fim, e eu me perco em você.
Você me abraça e eu finjo retribuir. Eu fingia tão bem que me enganei, fui ator da minha própria peça de teatro, e você me dirigiu aos aplausos. O holofote que me acaricia os olhos são os seus, amendoados. Não sinto sua falta, sinto da presença. Sinto seus dedos suaves nos meus quando fecho os olhos. Sinto seu cheiro de madeira. Seu cheiro doce. Seu cheiro e só seu. E também meu. Como um eclipse lunar, quando a luz esvai, eu me aproximo e te abraço, mas dessa vez não preciso fingir, porque o amor nasceu.
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