Ardor

Há um sorriso dentro do meu coração raivoso, mostrando-me que ainda dou jeito, provando-me o sabor do meu amargo interior recheado de doce. Um belo sujeito.

De difícil acesso, mostrando os dentes por lábios secos de amor, obscurecidos por um clamor de sutileza desconhecida pelos que vivem perto. Cheio de rancor.

Trovão de si só para os que te cuidam, relâmpago barulhento para os que de perto ouvem, chuva mansa e acolhedora para os que longe estão. Entro em combustão.

Briza leve catalisadora, encantadora de cobras venenosas, ardente como chama para mãos frias no inverno. Cuidado com o lobo, que só espreita os de perto.
Incompreensível sorriso que jaz dentro do meu coração raivoso. Ando pelo deserto.

Por que rosno quando deveria estar acariciando? Por que vocifero quando deveria estar cantando? Por que gentileza com os que não tem passagem de ida para ver o tão falado sorriso, quando os que já embarcaram são agressivizados?

Há talvez uma explicação, mas gosto de acreditar que ela se esconde dentro de mim, e espera para ser encontrada. Haja confusão.

Como uma rosa cheirosa, cheia de espinhos, machuco quem me toca de perto, mas agrado aqueles que me cheiram como vizinho, e o sorriso de pétalas vermelhas agradam a quem o vê. Pareço enlouquecer. 

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