Vocemismo
Ronda pelos lares indistintos em busca de uma identificação inconsciente, que se mostra bem latente e faz rodopiar as ideias mostrando o caminho. Sentir-se não pertencente vindo de lugar nenhum, indo pra nenhum lugar, anda pela vida à esmo querendo se encontrar, tornando-se cada dia menos feliz - mas não infeliz! - questionando sua existência, pensando em desistir por falta de paciência. Falta entender que o lugar onde se pertence tá dentro da gente.
Anda por aí como estagiário da vida, sem expectativa de promoção ou efetivação, incentivando os irmãos a subir as escadas até o terraço do sucesso; fica para trás, feliz por uns, triste por outros, vazio por si mesmo. Indaga quando chegaria sua vez de subir a escada. Mas são tantas escadas! Talvez não tenha subido a escada ainda porque ela não transporta o verdadeiro caminho. Mas qual o meu?
Sabe quem é, mas não se sabe pra si mesmo, como vai se saber pros outros? A desconstrução das imposições sociais que te distanciam da sua essência é dolorosa, arriscada e demanda exigência: sua existência. A busca da felicidade começa com a desconstrução. Mas como toda boa obra desmanchada, existe bagunça, sujeira, pilhas e pilhas de coisas descartáveis e que são bem pesadas. O carrinho para levar tudo para fora é pequeno demais, do tamanho da sua marretinha do vocemismo, o que leva tempo.
Para ser o pedreiro de você mesmo é preciso imergir nas suas conexões mais profundas e desvendáveis, somente pela coragem e necessidade de respirar seu próprio ar, e é aí que as paredes começam a se edificar, e se olhar pros lados consegue se ver no seu próprio olhar. Isso vulnerabiliza até mesmo o seu mais moderno arquiteto, expondo sua essência para o mundo hostil, que já está lá fora esperando com um fuzil, pronto para atirar e aniquilar a autenticidade de suas cores mais vivas.
O momento mais feliz é quando o objetivo é atingido, de peito está aberto e o pescoço esperando pela corda da sociedade. A confiança te carrega no colo, e a sociedade é fria como um dos polos, e o momento feliz se torna o mais infeliz, só porque a felicidade dos vulneráveis demonstradores de essência e autenticidade é o veneno dos construídos em todas as camadas impostas pela grande muralha social. Vocemismo é o veneno dos que têm medo do desvendamento. Voa, passarinho, abrace o seu próprio vento.
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