vou ser jogado no inferno




a n s i e d a d e 

Guardo-me dentro de um casulo angustiante para me preservar. Não me preservo por opção, mas por medo. Olho a vida passar pela janela e percebo que tudo vai acabar. Inocentes comentem erros, mas não deixam de estar errados. Meus erros foram singelos, despreocupados de primeira, aterrorizantes de segunda. Aconselhei o diabo e por algum motivo ele me poupou. Não fui pego, não fui capturado, mas fiquei angustiado por causa da incerteza do que pode me esperar. Todos parecem querer me devorar. Olham-me de soslaio, percebem minha presença – cheiro de carne e de medo – surge a desavença, emocionalmente abalado, correm pro meu lado, se aproximam de mim e me fazem sofrer – implorando por um fim. Existe um peso em meu peito que se gerou quando corri perigo; não desapego por medo de sofrer algum castigo; resguardo-me atento intencionalmente – tento manter a calma – mas não consigo controlar a mente. Sou positivo, mas sou inquisitivo, puno-me forte, mas clamo por misericórdia, tornei-me alvo de mim por conta dos tiros alheios. Agora não posso me defender nem deles e nem de mim – sofro calado achando que vou ser jogado no inferno. A armadilha quem cria sou eu – mesmo achando que correm atrás de mim, sorrateiros, tentando derrubar-me no meu apogeu. Talvez não faça nem sentido, seja só ansiedade, mas se tem algo que eu sinto, é saudade. Saudade de ter paz, saudade de ser livre, andar pela cidade sem pensar em calibre. Talvez um dia o sol me aqueça e toda essa prisão me esqueça. 

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