esse ciclo não se esgota

É leve

Como cheguei aqui é um mistério; despencando dum penhasco, rolando morro abaixo
Se vivo, se morro, ainda corro... de alguém para alguém
Sentei como passageiro na moto e gostei do sol, me sentia ninguém
Claridade esbranquiçada, esmaecia o verde das árvores e deixava
o azul do céu mais ali. Estou leve


Eleve

Nêmesis. Pensamentos que são meus e são maus
Mal a brisa acariciou meus cabelos contra meu rosto,
eles já se fizeram presentes, embrulhados de desgosto
Leve o que? Leve aonde? A gente te leva

Leve que não é pesado; eleve!

Ah - exclamara-los
Se eu elevar meus olhos ao céu e deixá-los abertos
até lacrimejarem, aí escorrem, rolam até sumir de vista
Agora elevado, eu consigo sentir a brisa, e ela me aconselha, 
ela é uma delícia



Sim, concordo comigo quando me digo que sou descrente por questionar demais, eu sou a pergunta, eu sou a resposta, e esse ciclo não se esgota. Que ninguém reclame ao me ouvir questionar por que o vento sopra, por que a água evapora, por que o sol brilha, por que a lua parece ser a sua filha, por que até mesmo ela tem um sol ausente, mas que dá sua luz de presente... por que, por que, por que...

Que ninguém me convença que obter respostas é o mesmo que obter a verdade. Naquele instante observei que resposta pode ser um toque no coração com sabor de saudade. E saudade é resposta, saudade é pergunta, e saudade é verdade. Mesmo não indagando seus porquês, aceitá-la faz de mim quem pega no casamento, aquele buquê. 

Criava firulas para despistar o que estava em minha frente. O amor sempre me foi exigente, me comandava, me castigava, me deixava longe para que a solidão viesse, e quando vinha, se sentava ao meu lado, buscando o meu agrado. Amor pode ser gostar do sol enquanto anda de moto, da brisa enquanto empurra as lágrimas, das árvores que farfalham risonhas, de estar vivo. 

Estar vivo é um perigo que gosto de correr. Só assim é que corro. 

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