Espelho de ouro

  A mansão era imensa, invejável. Paredes de ouro, piso de mármore; nem merecia estar num lugar tão bonito. E realmente, não merecia. Bombas explodiam de todos os lados, estilhaços me acertavam, que dor era aquela?
  Depois de correr pelo que parecia meses, finalmente uma linda porta branca apareceu, entrei. Lá dentro era quente, muito quente. Havia apenas um grande espelho, suas bordas eram de ouro. Ao me apoiar na frente desse espelho, vi a coisa mais deplorável que podia ver: me vi.
  Estava completamente mutilado, meus braços eram feito de cortes, cujos sangravam a ponto de lavar o chão. Das minhas pernas saiam ossos, mas ainda continuava de pé. Algo estava controlando meu maxilar, que fechava com muita força, não era capaz de abri-lo. Apertava, apertava, apertava... Finalmente, PÁ! Meus dentes se estilhaçaram, sangue lavou o lindo espelho. O desespero tomou conta de mim.
"Preciso acordar, tem que ser mentira" tentava gritar, finalmente podendo abrir a boca. Me beliscava afobadamente, meus dedos estavam, o que parecia, quebrados. Meu braço não sentia nada.
"Tem que ser um sonho" chorava, por trás do sangue. "Tem que ser" repeti.
  Depois de horas agonizando, finalmente abri meus olhos: sem sangue, sem cortes, sem ossos quebrados, com dentes. Vivo.

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