Furacão

                         Era tão devastador. Um tornado girava rapidamente em meu peito levando consigo todo o que pode arrastar. Minhas ideias, meus pensamentos, meus sentimentos, minha muralha. No centro do furacão estava uma versão diferente de mim, aquela versão destrutiva. Olhei-me com desprezo, enquanto catava os meus próprios cacos na esperança de recoloca-los no lugar sem convicção nenhuma.  Não pare para pensar – ordenei a mim mesmo. Se eu quisesse me livrar daquilo, não poderia deixar que entrasse em minha mente. Imagino, por alguns instantes, como é viver sem o pesadelo de ter você mesmo como maior problema da sua vida. Se as pessoas reclamam de serem infelizes quando na verdade o seu problema está em esperar demais das outras pessoas. Elas reclamam demais, se soubessem o quão sortudas são por serem felizes com elas mesmas. Não, talvez não felizes... mas em paz. Sim, em paz. Nada de sua própria cabeça torturando você. Sou masoquista ou sadomasoquista? Eu ou meu eu? Quem sou eu e quem eu penso que sou?

                Enquanto o furacão desaparece deixando um rastro de destruição, eu verifico minhas possibilidades: me reconstruir ou me deixar destruir. A segunda opção parece ser mais fácil se você parar para pensar, mas meu orgulho fala mais alto. Eu mando em mim, não eu mesmo. Então quem vence sou eu mesmo, não eu. Sento-me ao lado de onde costumava ser meu coração e o vejo bater. Se ele bate, também posso bater. Vou bater em cada pedacinho indesejado que se encontra dentro de mim. Vou expulsá-los de uma vez (mesmo que temporariamente). Vou ser feliz com o que eu tenho e tentar construir uma casa com um abrigo suficientemente forte para me proteger de minhas tragédias naturais.

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