Rua tua

Na mais completa confusão entra em fusão as partículas da insegurança de mãos dadas com a incerteza de que uma coisa é certa: confiar.
A solidão aniquila os sentimentos cinzentos que podem ser aproveitados com um chá de melancolia, mas a companhia que abrilhanta o céu cega e deixa o viajante a deriva.
Encontra a boca sem língua que paparica, futrica e mexerica, em todas as linguagens, sem exposição, mas com emoção. É uma pedra no caminho, que desvia da forma mais assustadora, mas que se encontram e se formam.
Ouve 18 pássaros diferentes cantando, de olho fechado, com os pés machucados ao caminhar, grilos cantando, o que vem a calhar. Ouve o canto do oceano, que na mata aconchega a alma, que chacoalha querendo integrar-se ao redor: natural como andar enrolado na toalha.
Medo. Não existe segredo, mas o paralelo sossego é falso quando o coração anda descalço, e despedaça ao toque da vontade de cola-lo novamente.
Busca nuvens altas, brancas e claras, que fazem parzinho e andam de trenzinho, até se tornarem negras e trovejadas de loucura: tá na tua.
Exclusividade nessa idade parece até coisa de outra cidade, mas quando não se pertence a lugar nenhum, tudo parece ser um zumbi andando sem lugar pra chegar, na tentativa de seu morto interior alimentar.
Causa pânico, entra em transe, busca a verdade mas tem medo de desvenda-la, por ansiedade, fica preso numa cama, difícil de levantar, procrastinar parece divertido, bora navegar? Mas tem que ser devagar, pois os passos são descompassados e só se divertem quando sobra um trocado avoado, de alguém sofrido que tá sempre ao teu lado, longe de você. Calma, não precisa correr.
Medo de morrer? Só de fome, no entardecer, sem buraco para se esconder, querendo se debater de tanto sofrer. As poesias baratas voam como se fossem acatadas, quando desnudam uma alma vestida de cetim, ao lado do altar mais claro, andando por aí no meio do estopim.
Abriu a torneira das palavras, que extravasam desavisadas, procurando um ouvido atento, mas o wifi da vida é lento, e antes de serem ouvidas, se espalham com o vento. Esconda-te, prevento, na luta contra o tempo, buscando imortalidades momentâneas, como as imoralidades ditas nos chopps baratos, que caíram no sapato e federam por toda noite, uma eternidade de pouca idade, mas de grande serenidade, quando se olham através do vidro da janela, com o crepúsculo avante brilhante, mas a verdade é que tudo morre num instante. 

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