Forasteiro
Imortalizei meu rosto para perdurar carrancudo com adicional de pálpebra pesada e um copo de lágrimas secas, peço um canudo
Pela manhã um cavalo marinho desenhado na espuma do meu cappuccino não despertou meu carinho e ali sentei e olhei
Vozes dançam com os risos, que dançam com as mãos, que pegam cafés com cavalos marinhos, rosas sem espinhos, dedos que se tocam com carinho, não tem ninguém sozinho
E mais uma vez estou esgotado com alguém do meu lado, que me vê invencível, logo eu, tão perecível que não consegue sorrir nem chorar, imprevisível
No anoitecer encontro um forasteiro. Esse é sorridente, com covinhas que me convidam pra um sorriso. Mostrar o dente! Tenho sorte de viver do improviso, bem prudente
Contorço os lábios mostrando os dentes, derrubo um copo de bebida, tiro o meu casaco e começo a suar em bica… Sem rumo os dedos tremem. Suas covinhas continuam me encarando, convincente
Olho para a mão do forasteiro e observo suas histórias. Um açude onde jacarés mitológicos dividiam a reputação com um médico ilógico
Jacaré num açude? ‘Céus! Me cuide, quero beijar a mão desse rapaz sem que ele se assuste”
Ele está próximo
Ângulo de inclinação
Calor, bate coração
Presença, emoção
Perto
perto demais
está perto demais
Suas covinhas em mim
Seus lábios conhecendo os meus, até que enfim
Esqueço por um momento onde estou e
Temo que esse beijo conquistou
Ou fui conquistado
Sinto calor, olho ao redor e vejo todo mundo sentado. Que sensação é essa no meu rosto? Parece que tem algo errado
Contorcido: um sorriso depois de tanto tempo escondido, congelado, na companhia de um forasteiro que ao compartilhar-se comigo me encontrou por inteiro, fui-me embora e me deitei ao seu lado…
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