Twenty twenty-two came with all types of fuckery (journal extract #1 EN/PT)

I would sometimes confront him because he grew cold and distant and all he could say was that he "was going through something inside", and something too complicated, too complex, he could not put into words, something to work in therapy - proceeding in telling me everything was fine and I needn't worry. 

It only got extremely worse and more toxic for both of us, his façade was crumbling down, he couldn't be honest, he didn't want to lose everything he had built - even though it was all fake. He didn't have money nor a place to live. He couldn't go back to his mother's house because the moment he left she transformed his old room into an office. 

Twenty twenty-two came with all types of fuckery you can imagine. Then his new job came about and he started to see his own money - and I started to be more and more obviously something obsolete, needless. I saw his mind making up ideas of leaving - but not so immediately, so he filled my mind with empty promises. 

He still told me he loved me and wanted to create a life with me, but in the meantime, he had a secret relationship with a guy named Downton. 

I am at home by myself and I'd like to point out some things I saw and felt yesterday. Let me begin by saying I had been forced to go on a date, forced by my own decency. Then I had lunch with my friend from upstairs and I ate chicken, because I was mad at life. I went out to a bar and when I came back I found the house in a horrible state, lights were off and I thought he had gone out too. Turns out he was in the toilet vomiting. He had smoked inside the house, everything stank of cigarettes. Both blankets were on the floor, along with his cellphone. I asked him if he was all right, and he didn't respond. I asked him if he needed anything, and he mustered up a groggy "no". He left the toilet and went to the couch - where he has been since his birthday - and smiled at me crookedly, saying "it's escapism". 

Portuguese:

Às vezes eu o confrontava porque ele ficava frio e distante, e tudo o que ele conseguia dizer era que estava "passando por algo por dentro", algo complicado e complexo demais para colocar em palavras, algo para trabalhar na terapia. Depois, ele dizia que estava tudo bem e que eu não precisava me preocupar.

Tudo ficou muito pior e mais tóxico para nós dois. A fachada dele estava desmoronando, ele não conseguia ser honesto e não queria perder tudo o que tinha construído - mesmo que fosse tudo falso. Ele não tinha dinheiro nem lugar para morar. Ele não podia voltar para a casa da mãe porque, assim que ele saiu, ela transformou o antigo quarto dele em um escritório.

Dois mil e vinte e dois veio com todo tipo de bagunça que você pode imaginar. Então, ele arranjou um novo emprego e começou a ganhar dinheiro - e eu comecei a me sentir cada vez mais obsoleto e desnecessário. Vi que ele estava criando ideias de ir embora - mas não imediatamente, então ele enchia minha cabeça com promessas vazias.

Ele ainda me dizia que me amava e queria construir uma vida comigo, mas ao mesmo tempo, tinha um relacionamento secreto com um cara chamado Downton.

Estou em casa sozinho e gostaria de apontar algumas coisas que vi e senti ontem. Primeiro, fui forçado a sair para um encontro, forçado pela minha própria decência. Depois, almocei com meu amigo do andar de cima e comi frango porque estava irritado com a vida. Saí para um bar e, quando voltei, encontrei a casa em um estado horrível. As luzes estavam apagadas e pensei que ele também tivesse saído. Acontece que ele estava no banheiro vomitando. Ele tinha fumado dentro de casa e tudo estava fedendo a cigarro. Os dois cobertores estavam no chão, junto com o celular dele. Perguntei se ele estava bem e ele não respondeu. Perguntei se ele precisava de alguma coisa e ele murmurou um "não" grogue. Ele saiu do banheiro e foi para o sofá - onde ele tem ficado desde o aniversário - e sorriu para mim de forma torta dizendo: "é escapismo".