Eu não estou sangrando
Numa noite fria enfio a faca no peito, devagar, cravando-a, enquanto vapor sai das minhas narinas. Quero gritar pra todo mundo ouvir, mas ao invés disso, mordo a língua, olhando para o brilho azulado da lâmina em mim.
O monstro no meu peito não rosna mais. Agora é só o silêncio, oco, embaixo da noite.
Mais uma batalha ganha sem a presença de Dona Vitória e Seu Derrota.
O casal está sempre de mãos dadas, abençoando os competidores da vida. Aprendi esses dias que eles só aparecem se eu os convidar, vendo a vida como batalha. Dessa vez o casal não veio.
Percebo que adormeci ao abrir meus olhos. Eu não estou sangrando.



Comentários
Postar um comentário