Relações

Um fluxo de frustração que não se mede com palavras, pois ao escapulir pelos labios faz estragos. Estragos estes frutos de outros estragos, também vindouros de palavras escapulidas de grandes lábios. De bons sentimentos um era repleto, o outro recebia bem, e devolvia também. Um era cego, tolo e sonhador, achava que nada poderia fazer para cessar aquela dor, enquanto o outro se debruçava e servia-se abundantemente. Um não gostava do que sentia, pois sabia que não recebia, o outro se ressentia toda vez que isso percebia, pondo-se para baixo fazendo de um, um cambalacho. Cambalacho esse que não se via, pois sempre se escondia.
Um fazia tudo o que era possível para dar, sem reclamar, sem esperar receber, apenas ouvir, se desculpar e agradecer, já o outro era sedento, queria sempre um aumento. Um ficou irritado um dia, falou pelos cotovelos não era nem meio dia, o outro ficou com raiva, porque ele sabia
que reclamar somente ele podia.
Mais uma vez o outro se rebaixava para que o que tinha razão fosse com ele ao chão, para que ele se levantasse e o trouxa que junto caiu lá ficasse.
Um tentava fazer tudo correto, não deixava de satisfizer o outro, mas seu sentimento era secreto, pois para o outro isso não era suficiente, pois "faça direito não quero alguém dormente!".
Um ficava sempre triste, mas sorria para o outro se alimentar e não mais reclamar. O outro não se agradava mais, queria bastante e não agradecia o que tinha, se não fosse homem, poderia até estar querendo se passar por rainha.
Um estava cansado de apanhar, triste e desmotivado, com falta de ar. O outro roubava seu oxigênio, porque o que ele sentia era a dor do milênio, nada o curava, nem mesmo o esforço do seu companheiro.
Um perdeu-se em si para entregar ao outro, que montava-se nele porque
sabia que não teria coragem e nem força de sair "você sabe que assim você não vai vencer na vida, você precisa de mim para andar na subida!", mal sabia ele que um estava neutro, não fazia mais diferença se o outro se cortava ou enfiava a faca no seu peito.
Um se encheu de raiva e sua mente falou, o outro se ofendeu, pois dessa arte ele já se aperfeiçoou, impossível um falar do outro se o outro era perfeito, ironicamente se colocava para baixo para ser bajulado do seu jeito.
Um se cansou e se levantou, ele se chamava Denis e pra frente andou, não admitiu ser enquadrado num buraco fechado, sendo sempre pisado e manipulado, "você é egoísta, não pensa em mim" choramingou o outro, no meio do jardim, um gritou "o foco na verdade foi sempre em você, cansei de chorar cansei de sofrer", o outro era "Os Mar", assim com plural errado, que falava em esperar, mas Denis já sabia que terceira chance ele não iria mais dar.

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