O amor não é automático

O amor não pode ser automático nem se for a primeira vista, e o desamor ocorre como uma planta que implora por água, mas só recebe raios de sol e resseca. No amor, não existe nada automático. A briga para manter as rosas bem podadas e os espinhos fora do caminho é diária; as rosas não se podam sozinhas. Quando o solo está ruim, você compra estercos para tentar fazê-lo voltar a florescer, não é automático. No amor as chances de plantar novas rosas num solo pouco fértil devem ser acolhidas com unhas, dentes e luvas, para segurá-las com cuidado, a fim de que elas se agarrem ao solo e possam crescer. No amor não existe nada automático. Mas ele é visível, de possível tato, e até de manuseio se for um bom jardineiro. Mas às vezes, o jardineiro não sabe podar sem machucar, e ao invés de fazê-las crescer, as mata, lentamente, diariamente, sem ser automático. Logo pode-se entender, sim, o amor como uma flor, ou como um jardim, ou como um solo, ou como todos eles. Se nasce ou morre, não é sozinho e não é automático, tudo depende. Se existir semente, existe a chance de alguma coisa nascer. Mas se entender a semente como algo garantido, ela pode morrer. E foi assim que aconteceu. Eu fui uma semente vista como garantida de dar lindas rosas, e até floresci, mas ao ser podado, não cresci:  desfaleci. Agora já é tarde, não existe mais semente, e o solo que era pouco fértil não passa nem serpente. E o desamor se mostra como rosas despetaladas, que jorram perfume para os ventos, e voam até sem destino para enfeitar outros jardins.

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