A dança das relações



Foi ao espiar através das cortinas janela afora, que avistei um homem de sorriso belo de quase dois metros de altura e loucura. As semelhanças antes recebidas de braços abertos, agora são contornadas com minha dança desconfiada na coreografia das relações interpessoais. 

“Essa música me parece familiar”, pensei, enquanto abelhas voavam dentro da minha barriga, ao invés de borboletas. A cada passo dado adiante, uma picada aguda de uma abelha. Não era mel e não era doce. Quem dera fosse… 

Não fui feito para ser colocado em pedestais — conheço-me bem e sei o que mereço e não é nada demais. Não me chame de anjo, não vou te salvar da sua dor, sou apenas mais um. Não me chame de luz, em mim nada conduz. 

Dentro de mim as abelhas se tornaram, enfim, um enxame, e dali para frente começou o grande vexame. 

Como as nuvens surgem no céu azul tomando suas formas, observei os sinais que você me jogava dia após dia, e não senti nenhuma alegria, comecei a me coçar e notei que era alergia. 

Alérgico ao teatro dos emocionalmente camuflados que disfarçam dor com amor. Eu sentia arrepios com os seus elogios —  você me levava ao seu passado para me fazer entender o que dizia ser o seu presente: eu, embrulhado, não em papel bonito, mas prestes a vomitar. 

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