Trocentas vezes a vida
Noite não dormida. Estou pensando em ir para a cama somente para me desligar do mundo, por umas boas longas horas. E quando deito na cama, imploro para alguém - não sei quem, não sei o que - para que me leve para um lugar bom. A parte ruim de quando isso acontece, é ter que voltar. Parece que dura tão pouquinho, é tão cruel me tirar de lá. Abraços, carícias, depravações; tantas coisas pequenas que, juntas, formam um belo espetáculo. Aquela sensação triste-feliz-triste de quando você acorda deste sonho perfeito e quer voltar, mas não sabe como voltar, nem deve existir um caminho de volta. Só espasmos, imagens, até cheiros, te levam de volta. Sorte que tive a ideia brilhante de começar a escrever todos esses sonhos "involtáveis", por que quando os releio, sinto como se realmente estivesse voltando pra lá. Lembro de cada detalhe, lembro de sorrisos, lembro de tudo. Até dos pesadelos gosto de lembrar. Talvez sonhos sejam outras vidas; reclamamos tanto da nossa, né? Que presente maravilhoso. Cada noite você pode experimentar uma vida diferente. Lembro de cada vida boa, pena que a vivo tão pouco. Ouço vozes de pessoas desconhecidas, que por uma noite se tornam íntimas. Sinto saudades delas, sinto vontade delas, tudo de novo. Deito a cabeça no travesseiro, sendo injusto com quem me dá os presentes, e peço pra repetir. "Hoje não, hoje não quero um novo, quero o de ontem", imploro. A intenção não é ser ingrato, na verdade é gratidão demais. Queria viver para sonhar, criar novas vidas e vivê-las intimamente, cada segundinho da noite. A insônia é um desperdício - cá estou eu desperdiçando mais uma vez.
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