Coruja

  A confirmação veio quando olhei para o céu esta noite, a lua estava pela metade. Suspirei enquanto me perguntava "Onde está minha metade escura?", onde quer que estivesse, a metade brilhante estava radiante o suficiente, um fingimento de cheia. Às escuras, numa penumbra densa, me esgalhou.   Talvez fosse até responsável da minha metade! Ainda não estou esgotado. De longe vi uma casa com todas as luzes apagadas, exceto a da televisão. A janela piscava, parecia um código morse. Penso em ti. Envie-me um sinal, oras, já faz tanto tempo. Ainda é meu ente querido. Eu piscaria de longe, mas se ao menos visse! Tentas olhar? Passas de um desapontamento. A noite estava maravilhosa, mas eu não. Nessa hora a outra metade melancolizou-me de maneira gradual, logo me vi acendendo um cigarro e segurando minha caneca decorada. Linda a caneca. Um ventinho, gelado e pacífico, passou pela nicotina e a fumaça o acompanhou. Jorrei mais fumaça. Toquei a decoração da caneca em meus lábios e a amei. A lua refletia em seu conteúdo. Dessa vez, com mais força, o vento varreu minhas cinzas. Não as minhas, ainda. "O que me trouxe aqui, hein? Tive uma chance. Mas para quê?". Era a noite da indagação. Gosto de indagar aos entendidos, e não à um completo paranoico desinformado e confuso de tudo. O seu brilho trás segurança, mas não esclarece. Uma ave pomposa mostrou presença, uma guerreira. O que é isso em suas garras? Sou eu! Vi de longe tudo passar como um risco, derrubei minha caneca. Olhei para o céu mais uma vez, estava maravilhoso, suspirei de novo e respondi "Aí está minha metade escura".

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