De Repente Dia
Me arrisquei a curtir a madrugada no quintal como antigamente. Dessa vez, noite passada, minha unica companhia era a brisa da tempestade que se formava no horizonte. Com o cigarro numa mão, a caneca de café na outra e musica nos ouvidos, era um convite evidente para a inspiração - e ela o aceitou. Um relâmpago iluminou a escuridão por um segundo, transformando a noite em dia. Dei o seu nome a ele; algo que por mais breve que seja, traz luz e ilumina tudo em sua volta. Eu estava me sentindo livre, usando regata e deixando todas as minhas aberrações à mostra para os meus amigos fantasmas - e para os meus cachorros que estavam do meu lado, implorando carinho enquanto eu, relutantemente, os ignorava olhando o céu pisca-pisca. No escuro não há segredos, mas no meu caso há você, que é mais um tesouro enterrado no meu vale dos tesouros. Creio que não desconfia, mas eu desconfio. Tenho certeza que para você, eu sou um segredo muito bem guardado. Às vezes, quando se distrai, vejo em seus olhos admiração e encanto, e é claro, algo a mais. Trago o cigarro e ele traz você, e com a fraca luz das iluminações precárias da rua, vejo a fumaça nocotinosa se desfazendo no ar; não se desfaça de mim, continue me esperando. Sua ambiguidade me desloca agressivamente, mas as feridas são indolores. Estou acostumado com cicatrizes. Não deixe de me enlouquecer, isso me faz vivo. O vazio existencial dá um minuto de trégua, ou nem isso, às vezes é tão rápido quanto o relâmpago-você. Você é o meu relâmpago, me dá força e energia. Me dê calafrios, me faça sofrer! Me cure, me de vida, me segure - mas não me prenda -, me deixe ir, mas me busque, Brinque comigo, e me deixe livre pra me conquistar novamente.
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