O Raio Atravessa o Horizonte

  Não importa quanto empenho eu coloque em meus atos, há sempre uma multidão invisível dentro da minha cabeça dizendo que errei de novo. Gosto de me deixar desborrar e chegar ao desespero débil e doentio. Sou patético. Duvido da realidade e reforço minhas emoções nos meus cenários ilusórios, temporários e ao mesmo tempo permanentes em cada vez. Dessa vez  angustia está me devorando vivo, ou melhor, segurando à força minha cabeça na privada e dando descarga. Não consigo respirar, tira o meu ar e me dispara o coração. Respire-me boca-a-boca. Oh, eu acredito demais nos meus cenários devaneando, mas eles são destrutivos demais. Eu, talvez, tenha inventado um mostro canibal. Sou o meu próprio monstro e devoro a mim mesmo para sobreviver. Infelizmente coloco a culpa em seus braços ralados de uma dura tarde de labuta. Oh, me disse ser infeliz hoje, desfaleci internamente não podendo fazer nada. Contive um abraço e sorri, demonstrando compaixão, e se duvida, o fiz com paixão. Te perderam e eu me deixei perder, me deixe enlouquecer. Como posso ser masoquista e odiar os sentimentos que invoco? Conquisto a dor com tanta facilidade, culpo o meu desejo - vício - de me sentir vivo, curtindo cada amostra de sentimento, seja sofrimento ou não, para que eu possa lidar melhor com tudo à minha volta. No caminho para casa treino meu sorriso dissimulado, pra poder entrar pela porta da frente e dizer a minha mãe "Meu dia  foi ótimo, e o seu?" - confortando-a e deixando-a livre de mim, sem se preocupar comigo, menos um problema. Mas meu sorriso está cansado, culpo meu trabalho e dissimulo mais uma vez. Ando me acostumando com a esgotante rotina teatral que criei, só não me acostumo em me perder de ti e perdê-lo em mim.

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