Minhas palavras se perdem como folhas secas ao vento
Sentir as folhas secas na sola do pé é fascinante. Elas são tão belas e frágeis, um simples sopro pode levá-las. Humanos são assim também. Nascem fortes, novos em folha e bonitos. Com o passar do tempo amadurecem e se endurecem. Com ainda mais tempo eles se deixam levar pelo vento, ficam leves e fracos. Quebradiços no espaço.
Não quero ser uma folha seca. Não quero secar, quero amar. A vida é o galho onde devemos nos agarrar, mas por que insistimos em soltar? O vento leva a todos a um fim, mas não traz meu presente a mim. Meu presente virou passado, e o pacote que o embrulhava se tornou obstáculos. O laço ficou mais forte, mas nós ficamos mais fracos. A festa surpresa que preparei foi cancelada com a partida sem despedida.
Ultimamente meus sentimentos se desprendem e voam pelo vento, mas em forma de palavra se perdem sem alento.
Não consigo mais escrever e assim parece que vou morrer. Me seguro ao meu galho com unhas e dentes, mas se assim continuar eu perco os meus parentes. De verdade. Nasci errado. Não sou uma folha verde e bonita. Minha cor não agrada os olhos de quem vê, apesar de eu não estar maduro ainda. Essa falta de maturidade é que me engana aos olhos. Pois quem não é maduro, é verde. Enquanto isso, posso me fingir. Mas quando minhas verdadeiras cores surgirem, vou querer fugir. Folha quando não é verde ganha cor. Quero ser colorido, fingir que não tenho dor. A vida fica mais bonita no outono, com as folhas caindo e forrando o chão como um tapete. Quero ser uma pessoa de outono, ganhar minha cor e deixar a vida de alguém bonita e colorida. Cinza é minha cor, mas se eu me pintar da sua, posso até cuidar da sua dor.
A dinamização do meu coração cresce conforme eu me encontro cada dia mais comigo mesmo. Talvez eu já até seja uma folha seca. Mas uma folha como as do outono recém chegado, como sempre quis. Não sou verde, mas também não me desprendi.
Na vida não há conclusões. A única conclusão é a morte. Existem falsas conclusões daqueles que acham que me conhecem e agem com tal mérito. Se me conhecem tão bem, me ensinem a me conhecer também. Sou uma folha ou uma rolha? Sou verde ou já sequei? Lágrimas nem existem mais. O que existe é minha vontade de juntar as letras e formar minha oração... Mas do jeito que tô, vou continuar dentro da minha prisão.
Parecia tão especial tudo aquilo. Quando criei coragem, tudo desmoronou como um prédio sendo implodido. Ah... se eu fosse mais esperto me tornaria um bandido de corações, mas para roubar algum, eu preciso ter um.
Não tendo nenhum, eu bombeio o sangue como quem participa de uma gangue, na luta e na adrenalina. Tô preso nisso tudo por causa da rotina. Mas minha rotina é feita de nada... Porque mais uma vez fui expulso do que nem entrei.
Posso concluir, além da morte, que sou uma folha de papel? Nem verde, nem seca, nem ao vento. Mas ainda uma folha. Escrevam em mim, pois não sei mais escrever. Talvez eu aposente isso aqui. Eu sou isso aqui. Sou essas folhas de papel, escritas tortas por linhas retas. E se escreverem em mim, permaneço vivo. Quero a vida de vários autores, pois esgotei minhas ideias.
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