este livro está sendo escrito e sendo deixado e
Me deram de presente um leão desenhado num papel — um isqueiro, uma caixa de lápis oriundo do país do sol nascente, e um livro de lembranças com páginas escritas a mão por sete anos. Este amor foi quieto, e mesmo sem saber que devia, esperei. Esperei até que sua ambição fosse maior do que a inocência de seus olhos de fenda. E quando soube do seu embarque, fui de quieto ao que precisava falar.
E falei. Você riu.
Esperei demais. O amor é quieto, quem ama espera. Quem ama sempre espera. Penso invejoso em todos os que estão do outro lado do amor, os que são barulhentos e não esperam. Como gostaria de poder desancorar meu peito do que me prende, seguir em frente com ou sem rumo. Apenas seguir em frente.
Depois de muitas voltas o mundo resolve remover minha ancoragem deixando apenas coragem. Abro as cortinas e sinto-me feroz. Pulo a janela e corro pela rua de casa ignorando a dor que fisga nas costelas. Ainda correndo resolvo virar uma rua diferente e esbarro em alguém.
Arfando com a respiração ardente na garganta, não solto nenhuma palavra. Sai apenas ar e entra apenas ar. Você me olha erguendo as sobrancelhas como se minha presença fosse, sozinha, um grande ponto de interrogação sem uma devida resposta. Você fala comigo, mas não consigo absorver a sua voz. Seu lábio move e tudo parece se tornar um grande borrão — e eu me sinto um grande burrão.
Ao voltar para casa aos 29 anos de idade acordei no outro dia beirando os 30, e meia noite cheguei lá. Tanta coisa eu não fiz ainda, mas pelo menos não estou mais quieto, não preciso mais esperar.
Até que eu fiquei quieto e esperando nosso próximo dia chegar. Assustado percebo que escrevo um novo livro de capítulos meus… e seus…
E este livro está sendo escrito e sendo deixado e
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