cada vez que me aproximasse de você, sentiria as asas derreterem, apaixonando-me pela queda

The Dead Icarus, Paul-Ambroise Slodtz (1743)


Sinto minhas palavras sendo vãs na medida que as escrevo e talvez eu devesse apenas deixá-las sair da jaula quando possuíssem devido valor. 

Os pássaros quando saem das suas gaiolas voam sem rumo, sendo a liberdade a sua única moradia, e a única coisa que eles nunca conheceram. 

Pergunto-me frequentemente se sou um pássaro em uma gaiola, ou ainda, um pássaro na porta da gaiola olhando pro céu e enxergando apenas o abismo. 

Se minhas palavras são como esses pássaros, desta vez, eles saberiam para onde ir. Eles querem chegar até você, e eu posso apenas desejar que você me leia. 

E além das minhas palavras, se eu fosse também um pássaro, ou possuísse asas, voaria em total excitação porque o céu seria meu.

O sol seria o meu amor por você. E como Icarus se apaixonou pelo voo, eu também me apaixonaria pela imensidão à frente. E cada vez que me aproximasse de você, sentiria as asas derreterem, apaixonando-me pela queda. 

E a queda viria. E eu iria mergulhar de cabeça, pois a queda não importa, se o chão for o destino me pregando uma peça, ou entregando uma sentença, por ter voado perto de você. 

Por ora ainda vivo meu labirinto da ilha de Crete, buscando nos pássaros minhas palavras e que eles voem até você e te sussurrem o que meu coração quer te dizer, mas não pode. 


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