A Lua de Todos Nós
Espero pela chuva como uma planta seca que espera por água. Estou sempre esperando por algo surpreendente, que no final, nunca chega. Ou talvez chegue e eu não sou capaz de enxergar. Será que sou ordinário a ponto de não ser capaz de perceber? Brinco com o fato de que o tédio e o desânimo me contaminam, sorrio enquanto enlouqueço solitariamente no meu quarto, embora o único ruído do cômodo é o ar do ventilador. Tento me distrair com minhas próprias monotonias, e na maioria das vezes é uma tentativa falha. Levanto e ando pela casa, completamente a esmo, para lá e para cá. Inconscientemente penso em achar algo interessante no caminho. Só eu sei o quanto estou cansado desse caminho comum. Nunca gostei dele, mas é óbvio que escondo isso atrás de um olhar de admiração. Quando estou a ponto de suspirar à vida, olho pela janela uma linda lua, brilhante e grande, hipnotizante. Sento e passo horas no quintal, só observando o que faz o céu valer a pena. É nessa hora que minhas teorias sobre ser parecido com a lua se concretizam numa forma “cheia”. Dizendo como se eu fosse como a lua, todos podem me ver, às vezes me acham bonito, às vezes algo normal, às vezes nem me veem. Brilho intensamente às vezes, talvez apareço pela metade, quem sabe não apareço; brinco de ter várias formas, de acordo com as sombras, e fico bonito à luz. Uma luz que não me pertence, mas que não deixa de ser minha. Apenas existo. Uma bela existência. Vivendo num imenso vazio cheio de beleza e de dor. Movimento-me lentamente durante a minha estadia, quase imperceptívelmente. Só olhando-me atentamente e por um bom longo tempo, repararia. Ao som da musica tento me acalmar, ao som do ar tento dissipar a angustia. E faço da minha lingua queimada de café a minha nova dor, uma dorzinha gostosa que prova que ainda estou vivo.
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