What a Pity

  Se milagres existem eu estou precisando de um deles agora. Não aguento mais sentir ódio da minha vida, das pessoas que convivo, de pessoas quaisquer. Eu queria estar em algum lugar longe de tudo, lendo um bom livro e sendo um vagabundo sem rumo. Encontrar alguém pra passar o tempo, falar bobagens, dar risadas. Estou em abstinência de vida social.  Preciso ver pessoas. O mais complicado, ironico e idiota de tudo isso é que eu evito tudo o que quero, e depois sofro por isso. Quando preciso ver alguém, eu acabo evitando as pessoas. Quando me sinto carente, evito quem me conforta. Quando me sinto alegre, me escondo. Talvez isso seja anormal, ou normal demais pro meu gosto. Me sinto tão patético sozinho... Mas me sinto igualmente patético quando sou patético perto das pessoas.
“Você é legal, capaz!” – insistem em dizer. Será que acham que vou acabar concordando com eles? Eu não me acho legal, não mesmo. Eles chamam de “legal” a imagem que eu imponho à eles. Será que achariam legal o verdadeiro eu? O eu que tento ignorar? Nem eu me acho legal. Não posso me arriscar, e não vou.
“Você diz isso por que não me conhece” – eu explico. E dessa vez não minto. Até acho legal que me achem uma pessoa divertida e etc, acabo me apegando à esse “eu” imposto.
  Mas quando meu interior fica cansado da opressão, ele acaba se rebelando e quando isso acontece, não é nada legal. As memórias acabam ficando cravadas à carne de uma maneira sádica e idiota, que só esse eu gosta. O outro eu fica só de olho, sem poder fazer nada. Conflitos e mais conflitos, oh dificuldade. À cada gota, uma agonia a menos. À cada gota uma agonia a mais. É incrível como as diferenças se tornam iguais nessas horas. Nada mais importa. O barulho da chuva começa a atrapalhar, tenta me dar paz.

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